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Facebook: Cerca de 70% dos usuários ativos da rede social informam-se por ela diariamente

Salvador-Neto-comunicacao-artigo-facebook-jornalismo-informacao-usuarios-300x182 Facebook: Cerca de 70% dos usuários ativos da rede social informam-se por ela diariamente
Redes Sociais mudam a cara do jornalismo e do consumo da informação

Quando a internet começou a ser disponibilizada comercialmente para a população brasileira, na segunda metade da década de 90, surgia a principal revolução midiática da história capaz de romper com as estruturas tradicionais de disseminação da informação predominantes até então.

Assim, entramos no século 21 com o ambiente virtual modificando consideravelmente os hábitos de consumo de conteúdo. Vimos nascer redes sociais, como Orkut, Twitter e Facebook, sites de vídeos, como YouTube, e programas de chat, como Messenger e Skype, além de milhares de blogs e sites, elevando a web a um patamar ímpar na circulação de informação.

Tantas ferramentas de liberdade e empoderamento começaram a preocupar os grupos de comunicação que reinavam há décadas como os únicos detentores legítimos do papel de informar.

 

ranking_noticias_facebook Facebook: Cerca de 70% dos usuários ativos da rede social informam-se por ela diariamente

 

Pois bem, o gráfico acima, produzido pela Quartz – agência norte-americana que divulga notícias sobre a nova economia global – mostra o ranking mundial dos países que mais consomem notícias por meio do Facebook.

O Brasil aparece em primeiro lugar, com 67% de sua população buscando informação, prioritariamente, na rede social. Também ocupamos a liderança na utilização do Facebook para fins diversos, com 80%.

Algumas pessoas arriscarão dizer, precipitadamente, que a formação educacional precária da sociedade brasileira contribui para um cenário de superficialidade informativa, uma vez que países como Alemanha, França e Japão possuem índices baixos de buscas de notícias pelas redes sociais. Ou seja, em vez de ler uma revista semanal ou abrir um jornal, o brasileiro recorre aos meios digitais, práticos e acessíveis na palma da mão, e acaba esbarrando com frivolidades e informações inconsistentes.

Uma comunicação mais horizontal
Indubitavelmente, em meio a milhares de posts, páginas, blogs e sites, o ambiente virtual está repleto de conteúdos que não seguem uma apuração crítica. De outro modo, isso não quer dizer que não existam produções independentes com qualidade superior à de muitos jornais, telejornais e revistas.

Diante desse cenário, a discussão dentro dos veículos de comunicação precisa ser em torno da reinvenção das técnicas jornalísticas e a eficaz apropriação da internet e das redes sociais. Até para se sustentarem como modelo de negócio, as empresas precisam aceitar que insistir na manutenção do conservadorismo é empurrar o jornalismo para uma crise ainda mais dramática.

Diferentes estudos já haviam evidenciado a transformação do fluxo informativo neste país cada vez mais conectado. A pesquisa “Democratização da Mídia”, divulgada em 2013 pelo Núcleo de Estudos e Opinião Pública (NEOP) da Fundação Perseu Abramo, mostrou que a internet é a fonte primária na busca de informações e notícias para 68,6% da população.

Já o estudo Trust Barometer 2015, elaborado pela empresa de relações públicas Edelman Significa, revela ainda que, no Brasil, as ferramentas de buscas na internet aparecem em primeiro lugar em nível de confiança.

Vale ressaltar, no entanto, que o Facebook, assim como o Google, não é um produtor de conteúdo, mas sim, um disseminador de materiais elaborados por terceiros. Dessa forma, o Facebook funciona como um feed de notícias, grande parte delas proveniente da própria imprensa tradicional. Dessa forma, então, as pessoas estariam utilizando somente outro caminho para chegarem às mesmas fontes, certo? Errado.

A internet possibilita uma nova lógica do fazer jornalístico, por meio de uma comunicação mais horizontal. Se, por um lado, ela permite que qualquer cidadão seja produtor de informação, por outro não é mais necessário que os jornalistas profissionais estejam dentro de uma redação de um veículo da grande imprensa, com todas as suas barreiras, para “produzir e disseminar conteúdo – e até prosseguir nas histórias ignoradas pela mídia tradicional” (VIANA, 2013, p. 17).

Imprensa tradicional não acompanha o dinamismo
Apesar de muitos veículos utilizarem – inadequadamente – as redes sociais para divulgarem seus materiais, eles concorrem com a diversificação das fontes independentes, grande trunfo do sucesso da informação online.

Ao contrário do que ocorre na imprensa tradicional, múltiplas vozes gritam no âmbito da web, atraindo um público que está continuamente em busca de representatividade, interação e de uma informação mais personalizada.

Prova disso é o surgimento, cada vez mais comum, de coletivos autônomos de comunicação. Sites, blogs e páginas em redes sociais voltadas para cidades, bairros e até favelas proliferam-se pelo país e desempenham uma função de divulgadores de uma realidade que nem sempre encontra espaço nos principais jornais.

Com isso, a imprensa brasileira vem perdendo força ao longo dos anos e, em 2015, chegou à penúltima posição em nível de credibilidade, como aponta o estudo Trust Barometer. Já o último lugar dessa lista foi conquistado pelo governo.

Perante esses dados, talvez seja possível concluir que o brasileiro encontrou, enfim, na internet uma comunicação em rede e personalizada, com conteúdos que dialogam com a sua realidade. A imprensa tradicional ainda não acompanha esse dinamismo e “em vez de ver a web como um novo meio, com características próprias, as empresas tradicionais a encaram como uma nova ferramenta para distribuir conteúdos, originalmente produzidos em outros formatos” (ALVES, 2006, p. 94).

Não há uma fórmula consolidada
Jornais, telejornais e revistas tornam-se, assim, um pacote limitado de notícias pré-selecionadas, baseando-se em critérios subjetivos de relevância. A crescente busca por informações nas redes sociais impõe uma urgente adaptação dos métodos de trabalho.

“Na lógica que a internet está criando, não tem sentido que eu escute algo que não escolhi. Se vou escutar um pacote de notícias, será um pacote que eu forme, de acordo com meus interesses, para ser consumido na hora que eu quiser, onde eu quiser” (ALVES, 2006, p. 97).

O caminho está aberto e a revolução tecnológica a todo o vapor. Não há diretrizes certas ou erradas a serem ou não seguidas, o que há são profissionais tateando e tentando compreender os rumos do jornalismo na era digital, seja na televisão, no rádio ou no jornal.

O que já se sabe é que a participação ativa que a internet confere ao público levará ao descobrimento de novos padrões para o exercício da profissão. Ainda não há uma fórmula consolidada, mas, sem dúvida, o público terá um papel fundamental nas decisões desses padrões daqui para a frente.

Bibliografia
ALVES, Rosental Calmon. (2006) “Jornalismo digital: Dez anos de web… e a revolução continua”. In:Comunicação e Sociedade. v. 9-10. pp. 93-102

VIANA, Natalia. (2013) “O WikiLeaks e as batalhas digitais de Julian Assange”. In: Cypherpunks. São Paulo: Boitempo. pp. 9-18

Pesquisa Edelman Trust Barometer 2015, elaborada pela empresa de relações públicas Edelman Significa. Disponível em: http://pt.slideshare.net/EdelmanInsights/2015-edelman-trust-barometer-global-results?related=1

Pesquisa Democratização da Mídia 2013, elaborada pelo Núcleo de Estudos e Opinião Pública (NEOP), da Fundação Perseu Abramo. Disponível em:http://novo.fpabramo.org.br/sites/default/files/fpa-pesquisa-democratizacao-da-midia.pdf

*** Artigo escrito por Paulo Roberto Junior que é jornalista, atualmente trabalhando no jornal O Globo

Telefonia Móvel – 42 anos depois da primeira ligação

Salvador-Neto-Comunicacao-Marketing-telefonia-movel-smarphones-midias-300x180 Telefonia Móvel - 42 anos depois da primeira ligaçãoDia 3 de abril é comemorada a primeira chamada feita com um telefone móvel, realizada há 42 anos por Martin Cooper a seu maior concorrente no setor, Joel Engel, dos Bell Labs da AT&T, de uma rua de Nova York.

“Sabe de onde estou ligando?”, disse. Cooper, que ganhou o Prêmio Príncipe de Astúrias, estava na Sexta Avenida, em Nova York, prestes a conceder uma entrevista coletiva no hotel Hilton para anunciar que tinha acabado de fazer a primeira chamada da história com um telefone móvel.

O aparelho era um protótipo da Motorola chamado DynaTac 8000X. Pesava 794 gramas, tinha 33 centímetros de altura, incluindo a antena, e 8,9 centímetros de espessura.

O trambolho demorava 10 horas para ser recarregado, tinha bateria para apenas meia hora, e seu preço equivaleria hoje a 7.200 euros (cerca de 25.000 reais). O iPhone 6 pesa 123 gramas, tem 13,81 centímetros de altura e menos de um centímetro de espessura, e custa 699 euros.

Em 1975, havia 5.000 clientes detelefonia móvel no planeta. Hoje são 3,6 bilhões de usuários com um celular o tempo todo na mão ou no bolso, a metade da população mundial, e estima-se que em 2020 o número aumente para 4,6 bilhões de assinantes, segundo as estatísticas mais recentes da GSMA, a organização mundial de operadoras de telefonia móvel.

Na verdade, há muito mais aparelhos que assinantes, porque os usuários têm vários deles. Daí que o número de cartões SIM atinja 7,1 bilhões (1,5 SIM por usuário), e quando somados os SIM que interconectam máquinas (M2M), prevê-se para 2020 o número mágico de 10 bilhões de conexões móveis.

A penetração de mercado do telefone móvel varia muito conforme a região do mundo. Na Europa, quase 80% eram assinantes móveis no final de 2014, enquanto na África subsaariana o número é de apenas 39%.

Por isso o crescimento do número global de assinantes nos próximos cinco anos se concentrará nos países em desenvolvimento, impulsionado pela melhora no acesso aos aparelhos e serviços móveis e pela rápida expansão da cobertura móvel, que serve para conectar os povoados atualmente sem conexão, especialmente nas áreas rurais, segundo o relatório A Economia do Celular 2015, feito pela GSMA.

Os telefones inteligentes (smartphones) representam agora 37% das conexões, com 2,6 bilhões de terminais, e seu crescimento não pode ser parado; serão 5,9 bilhões em 2020, 65% do total. Já são vendidos mais smartphones que tablets, computadores e televisores somados.

Já se vendem mais ‘smartphones’ que tablets, computadores e televisores juntos
A explosão do telefone móvel se deu graças à possibilidade de conexão com a Internet. A banda larga móvel representa 40% das conexões totais e aumentará para quase 70% do total em 2020 devido à tecnologia 4G, ou LTE, que permite velocidade maior.

O crescimento de telefones inteligentes habilitados para banda larga móvel está impulsionando uma explosão do tráfego de dados móveis. Segundo a Cisco, estima-se que o volume mundial de dados móveis cresça a uma taxa composta anual de 57% até 2019, chegando a 24.314 petabytes por mês na época, resultado do aumento do consumo de vídeo on demand por meio de dispositivos móveis.

O setor de telefonia móvel é um dos pilares da economia mundial. Em 2014, o setor contribuiu com três trilhões de dólares para a economia mundial, o equivalente a 3,8% do Produto Interno Bruto (PIB) da Terra.

Em 2020, estima-se que a contribuição do setor aumentará para 3,9 trilhões de dólares (4,2% do PIB mundial). O setor emprega diretamente 12,8 milhões de pessoas no mundo e gera mais 11,8 milhões de empregos indiretos.

Por Ramón Muñoz, do El País

O Facebook já dominou a internet. O que vem depois?

Salvador-Neto-comunicacao-blog-facebook-internet-futuro-300x199 O Facebook já dominou a internet. O que vem depois?O Facebook tem uma missão muito clara: conectar todas as pessoas do mundo. É a tecla em que bate Mark Zuckerberg todas as vezes em que ele se apresenta em um evento público. Agora, com mais de 1,4 bilhão de pessoas usando a plataforma, chegou a hora de se perguntar “Para onde vai o Facebook?”.

A cada três meses a rede social atualiza os números públicos referentes aos seus usuários ativos mensais, as pessoas que fazem login na página pelo menos uma vez por mês. E, apesar de vermos um crescimento contínuo, o fôlego parece estar diminuindo. Não à toa: só há mais 1 bilhão de pessoas online que ainda podem se tornar parte da base de usuários, e muitas delas provavelmente já tiveram a oportunidade e decidiram ficar de fora.

As estimativas mais recentes indicam que há cerca de 3 bilhões de internautas no mundo, dentre os quais estão 640 milhões de chineses, que não têm acesso ao site, banido no país.

Portanto, o Facebook precisa recorrer a outras alternativas para seguir crescendo. E isso ficou muito claro com as últimas atitudes tomadas pela companhia e apresentadas na F8.

Levar conexão aonde ela não existe20150326140735 O Facebook já dominou a internet. O que vem depois?
Parece ser o próximo foco de Mark Zuckerberg. O projeto se veste como uma fundação sem fins lucrativos que quer levar internet aos lugares mais pobres e afastados, onde não há infraestrutura, mas o Internet.org beneficia diretamente o Facebook.

Durante a F8, a empresa detalhou o Aquila, drone que já está em fase de testes e que será responsável por sobrevoar estas áreas distribuindo sinal de internet sem fio usando lasers. A aeronave não tripulada tem uma envergadura de mais de 30 metros, maior de que a de um Boeing 737. Ele pode voar por meses em altitudes de até 18 quilômetros, abastecido por painéis para captação de energia solar.

Com isso, o Facebook teria um novo grupo de pessoas conectadas que jamais teve contato com a rede social e que poderia ajudar a ampliar exponencialmente sua base de usuários, que passou a crescer em um ritmo pequeno. Claro que isso será revertido também em mais publicidade, o que gera mais receitas para a  companhia

Tem um outro detalhe um pouco mais sinistro neste caso, porém. Sendo o fornecedor de internet para as regiões pobres, o Facebook poderia controlar diretamente o acesso à rede destas pessoas, efetivamente determinando o que elas podem e não podem ver. Nos países onde a Internet.org já está implantada, isso já está em vigor de certa forma: o acesso é grátis a determinados conteúdo de parceiros, normalmente apps educacionais, para busca de empregos, previsão do tempo e informações sobre saúde. Obviamente, o acesso à rede social também está garantido.

Rentabilizar e segurar ainda mais a base atual de usuários
20140530212400 O Facebook já dominou a internet. O que vem depois?

Uma empresa gigante como Facebook não se mantém se suas receitas e seu lucro não continuarem crescendo. Nos últimos anos, a companhia tem feito um trabalho excelente de monetizar sua base gigantesca de usuários, mas se o seu crescimento está desacelerando, é preciso fazer cada uma destas pessoas render mais dinheiro.

Como alcançar isso? Fazendo com que as pessoas não tenham mais que sair do Facebook para nada. Efetivamente, a rede social quer englobar a internet toda.

O modo como a empresa quer fazer isso fica mais claro a cada dia que passa. A estratégia de vídeos do Facebook é simples: a rede social quer mais desse tipo de conteúdo e está disposta a impulsionar violentamente o alcance das páginas e pessoas que publicarem seus vídeos nativamente na rede.

Há alguns motivos para isso, dos quais destacamos dois:

  • Publicidade em vídeo vale muito mais do que um banner no canto da página ou uma imagem patrocinada no seu feed. Mesmo que você ainda não esteja vendo anúncios do tipo, a rede social quer que as pessoas se acostumem com seu feed de notícias em movimento. Esse dia chegará.
  • Uma afronta direta ao YouTube. Conteúdo em vídeo é a febre do momento na internet e, sendo o site de Google a maior plataforma dedicada a este material, isso significa pessoas saindo do Facebook para assistir a alguma coisa em outra página, gerando dinheiro para outra empresa. O novo recurso que permite a incorporação de vídeos em outras páginas da web é outra medida neste sentido. Conteúdo exclusivo para a rede também está chegando.

Essa estratégia também inclui a compra da Oculus VR, a empresa que desenvolve o dispositivo de realidade virtual Oculus Rift. Foi anunciado que a rede social ganhou suporte a vídeos “esféricos”, recurso conhecido no mundo real como gravação em 360 graus. É uma ideia que casa perfeitamente com a proposta da realidade virtual para criar experiências de imersão.

Há ainda o rumor de que grandes sites e jornais digitais poderiam fechar uma parceria para publicar suas notícias e artigos diretamente no Facebook, acabando com a necessidade de clicar em um link externo para ler as informações. É mais um exemplo de como a rede social quer engolir a internet.

Diversificação

20150330151027 O Facebook já dominou a internet. O que vem depois?
Vamos supor que a rede social, o principal produto do Facebook, caia em desuso. Sem problemas (brincadeira, seria um problema gigantesco, mas não sem solução): a empresa ainda controla alguns dos principais aplicativos móveis no mundo. O Messenger, o WhatsApp, e o Instagram garantem que a companhia não perderá relevância tão breve.

A diversificação de negócios garante um controle enorme da informação que é publicada diariamente pelas pessoas conectadas na internet. Estes serviços ainda não são massivamente monetizados pelo Facebook, mas tudo isso vai levar, invariavelmente, a um conhecimento mais profundo de seus usuários, o que acarretará em métodos de arrecadação diversificados.

O mais interessante é ver como a empresa decidiu diferenciar o WhatsApp do Facebook Messenger, vistos como possíveis concorrentes, que poderiam canibalizar a audiência um do outro. No entanto, houve uma guinada interessante na tática do segundo caso, que é a transformação em uma plataforma ampla.

O WhatsApp continuará sendo o mensageiro “arroz-com-feijão” que sempre foi, leve e adequado a todo tipo de usuário no mundo. O Messenger não. O Facebook quer que ele seja usado no comércio eletrônico para integração entre empresas e clientes, que permita a transferência de dinheiro entre amigos, que outros aplicativos conversem com ele para criação de conteúdo diversificado, incluindo áudio, vídeo, GIFs, possibilitando até mesmo a aplicação de efeitos.

Com informações do Olhar Digital

O consumo das notícias pelos jovens da “Geração do Milênio”

Salvador-Neto-comunicacao-artigo-geracao-milenio-consumo-noticias-geracao-y-z O consumo das notícias pelos jovens da "Geração do Milênio"
É preciso estar atento às mudanças no modo de consumo das notícias

Além de se preocupar pouco com os noticiários, a chamada Geração do Milênio (formada por jovens entre 18 e 34 anos) parece estar mudando completamente a maneira de consumir notícias.

Se antes era primordial consultar jornais e cobertura televisiva, hoje os jovens preferem recorrer a redes sociais para ficar por dentro dos fatos da atualidade. Simplificando: a rede social não é mais apenas social. Há muito deixou de ser um meio de contato com amigos para tornar-se um meio de conexão com o mundo em geral.

Os dados são fruto da pesquisa “Millennial media habits” (Hábitos de mídia da geração do milênio, na tradução livre), realizada pela ONG American Press Institute, ligada à Associação de Jornais da América, com jovens entre 18 e 34 anos. Embora o estudo tenha sido conduzido nos Estados Unidos, ele é um indicativo importante da relação da primeira geração digital com a imprensa.

Contato quase acidental
Quase 90% dos jovens obtêm notícias regularmente através do Facebook, no entanto menos da metade alega que a notícia seja sua principal motivação para visitar o site ou aplicativo da rede social.

Este dado sugere que a notícia não é “buscada” nas mídias sociais, mas sim visualizada quase “acidentalmente”. É como se as redes sociais funcionassem como uma versão digitalizada do rádio ou do antigo hábito de “zapear” pelos canais de TV.

Outra indicação de que os jovens estão dedicando pouca energia para encontrar notícias é que apenas uma minoria prefere pagar para receber informações. Embora 93% dos pesquisados tenham alegado assinar pelo menos um serviço de comunicação, menos da metade deste grupo disse pagar de fato pelas notícias.

A porcentagem de jovens que pagam por um serviço ou aplicativo de notícias (40%) é menor do que o número que paga para ter acesso a filmes e TV (55%), a jogos (48%) ou a música (48%).

Racionais e exigentes
Mas antes de julgar os jovens como desinteressados, é preciso analisar o conceito de “notícia” na mente dos entrevistados. O que as pessoas de fato consideram notícia? Tráfego e condições meteorológicas, alimentos e restaurantes, placares esportivos?

Para resolver este problema, o estudo investigou os tópicos nos quais as pessoas prestam atenção e de que modo buscam mais informações sobre os mesmos. Esta etapa incluiu entrevistas qualitativas, nas quais os entrevistados foram questionados diretamente sobre os temas que mais os faziam passar tempo online.

Os resultados desmascaram a noção de que os americanos mais jovens estão optando por focar a atenção apenas em notícias leves e entretenimento. A geração do milênio acompanha regularmente uma ampla gama de tópicos, uma mistura de notícias consideradas “sérias” (as chamadas “hard news”), notícias leves e notícias que servem como tópicos de conversas do dia a dia.

Além disso, os nativos digitais são racionais e exigentes na forma como utilizam diferentes fontes de informação para cada tipo de notícia: além de utilizar as redes sociais de forma mais determinada, este grupo faz uso de motores de busca e agregadores para complementar as informações que já possuem, optando sempre por fontes que lhes pareçam mais “profissionais” e confiáveis.

Gosto por hard news
Ainda assim, os jovens pesquisados tendem a se concentrar nos assuntos de seu interesse. Televisão, música e filmes estão entre os tópicos mais seguidos (dois em cada três entrevistados declararam acompanhar as notícias sobre tais assuntos regularmente). Já 60% deles concentram-se em pesquisar sobre notícias e seus hobbies pessoais.

Mas tópicos de notícias mais civicamente orientados também são parte significativa do interesse desta geração. Mais pessoas disseram acompanhar política, crimes, tecnologias, sua comunidade local e questões sociais em comparação àquelas que disseram acompanhar cultura pop e de celebridades, moda e estilo.

Quase todos os jovens adultos entrevistados acompanham as chamadas “hard news”: 45% dos jovens da Geração do Milênio acompanham cinco ou mais tópicos do gênero. O interesse pelas “hard news”, aliás, não parece estar correlacionado à idade.

Os entrevistados mais jovens são tão propensos a acompanhar tópicos de “hard news” quanto os mais velhos do grupo. As entrevistas qualitativas indicaram que praticamente todos possuíam algum objeto de interesse profundo, podendo este ser relacionado à carreira, herança familiar, experiência de viagem ou algum outro fator.

E todos tendem a ser bastante conscientes e ativos ao buscar informações sobre estas áreas de interesse, identificando os especialistas e acompanhando as empresas jornalísticas mais confiáveis no assunto.

Em outras palavras, embora o Facebook seja o meio mais popular para se descobrir algum assunto, quando as pessoas querem pesquisar mais, elas recorrem a outros caminhos, incluindo as empresas de notícias.

Preocupação com a perda de tempo online
É fato que as redes sociais desempenham um papel preponderante entre a Geração do Milênio, principalmente por abrirem espaço para que os jovens opinem, compartilhem as notícias e conheçam outros pontos de vista.

Entretanto, curiosamente, o Facebook – fonte campeã na busca por notícias – também foi citado negativamente, sendo visto como campo para discussões inúteis ou fonte de informações imprecisas e pouco confiáveis. Talvez por isso, muitos dos entrevistados tenham demonstrado preocupação com a quantidade de tempo que passam em redes sociais.

Mudando o consumo de notícias
Segundo o estudo do American Press Institute, embora as redes sociais estejam em primeiro lugar na busca por notícias, as plataformas para encontrar notícias (sejam organizadas por algoritmo, editores humanos ou uma combinação do dois) são a segunda fonte mais acessada (inclui-se aí sites de busca, agregadores e blogs). Pelo menos sete em cada dez entrevistados disseram recorrer a este recurso.

A terceira via é a mídia jornalística tradicional. Embora muitas pessoas caiam nestes destinos por outros meios (vindo de links do Facebook ou Twitter, por exemplo), há quem busque as fontes diretamente – seja assistindo a um noticiário, usando um aplicativo de uma empresa jornalística ou lendo um jornal impresso ou digital. Tais mídias incluem emissoras de TV locais e nacionais, jornal, rádio, criadores de conteúdo online e mídia especializada.

A virtude de olhar para o consumo de notícias por este prisma é que ele revela algo mais sutil do que simplesmente a prevalência do Facebook na vida digital das pessoas. A grande revelação é a pluralidade de fontes que a maioria dos integrantes da Geração do Milênio usa para encontrar notícias.

A participação ativa e o engajamento através de compartilhamento, comentários ou investigações de diferentes perspectivas e opiniões também mostram que o novo consumidor de notícias deixou de ser um espectador passivo e se tornou ativo no meio em que vive.

Com informações do Observatório da Imprensa – Tradução: Fernanda Lizardo, edição de Leticia Nunes. Com informações de Derek Thompson [“Journalism in the Age of the Accidental News Junkie”, The Atlantic, 16/3/15], do American Press Institute [“Millennials’ nuanced paths to news and information”, 16/3/15] e de Mark Joyella [“Millennials Want Hard News, Use Google to Find It”, TV Newser, 16/3/15].

Sobre a entrevista coletiva, veja o que pensa o escritor Ruy Castro

Salvador-Neto-Comunicacao-artigo-ruy-castro-entrevista-coletiva-perguntas-300x196 Sobre a entrevista coletiva, veja o que pensa o escritor Ruy Castro
Pergunta objetiva, direta, é a receita do bom jornalismo

Ao assistir a filmes americanos envolvendo jornalistas, você notará a diferença. Quando surge na tela uma entrevista coletiva, cada repórter dispara uma única pergunta, curta e objetiva, que obriga o entrevistado a fazer “gulp” antes de responder. Agora compare isto com as coletivas dos nossos repórteres de TV.

Quase todos começam por uma pergunta tão longa quanto desnecessariamente explicativa. Não satisfeitos, engatam um “…e também” e emendam uma segunda pergunta, tão longa e explicativa quanto.

Ao fim desta, o telespectador já não se lembra do que ele perguntou primeiro. Mas o entrevistado se lembra muito bem – e só responde àquela que lhe for mais confortável ou conveniente. Vê-se isso ao fim de todos os jogos de futebol, nas coletivas dos treinadores. Tem-se visto isso nas coletivas dos ministros do governo, políticos e autoridades em geral.

A condição
Você dirá que, no cinema, a dinâmica do roteiro faz com que os jornalistas tenham de parecer objetivos – não há tempo nem espaço para conversa fiada em cena. E eu responderei que esta é uma cláusula pétrea entre os repórteres americanos.

“Perguntas curtas, frases curtas, palavras curtas – e uma pergunta de cada vez”, aprendi em Nova York com Alain De Lyrot, antigo editor do Herald Tribune. “Se o entrevistado não responder a contento, você repica a pergunta.”

Nossos repórteres não se contentam com uma pergunta simples e direta. Sentem-se na obrigação de enriquecê-la, desdobrá-la e acrescentar elementos. Com isso, só a tornam confusa e o entrevistado responde o que quiser.

Eu sugeriria que, antes da coletiva, nossos repórteres se entendessem. Todos teriam direito a duas perguntas. Mas uma de cada vez. E com uma condição: além de curtas e objetivas, elas sempre deveriam terminar por um ponto de interrogação.

Da Folha de SP em 18/3/2015