E a comunicação pós-pandemia? Quais as tendências?

No final do ano passado e no início deste ano, diversas possíveis tendências para o mercado da comunicação foram especuladas. As principais delas eram: uso de chats privados para comunicação, ampliação do investimento em inteligência artificial, aumento da personalização da experiência, valorização da transparência de empresas, expansão da busca visual e criação de conteúdos em áudio.

No entanto, o mundo e o mercado da comunicação foram surpreendidos pela pandemia do novo coronavírus, que mudou a maneira como as pessoas vivem, se relacionam e consomem. Além da transformação imediata na rotina da população, que se viu praticando o distanciamento social, a Covid-19 provocou impactos a longo prazo no comportamento das pessoas. Com esse cenário, as marcas, por exemplo, enfrentarão o desafio de entender essas mudanças e se reposicionar para um mundo pós-pandemia.

Para entender as novas tendências na comunicação, precisamos entender quais são os novos hábitos do consumidor. Na tentativa de justamente compreender estas transformações na organização da sociedade, a agência Mutato lançou, em maio deste ano, o estudo Novo Normal Pós-Covid-19, que destaca comportamentos de consumo em diferentes segmentos da vida após a pandemia.

O estudo aponta que, assim como acontece em qualquer crise global de saúde, os efeitos da Covid-19 teriam três estágios: Surto (marcado por esse período de quarentena, medidas de isolamento, crise no sistema de saúde e novos formatos de relações); Recuperação (contenção da pandemia e redução de casos, aliadas ao surgimento de novas formas de consumo e de responsabilidade social) e o Novo Normal (a retomada de novas rotinas com a ressocialização das pessoas). Atualmente, estamos passando pelo que seria o “novo normal” no Brasil, mesmo que contrariando os conselhos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas da área. 

A Mutato procurou avaliar as mudanças que devem surgir, em escala global, após a pandemia em diferentes áreas do comportamento humano e dos negócios, como Relacionamentos, Vida Social, Alimentos & Bebidas, Saúde Mental, Viagens, Economia, Mídia & Entretenimento, Trabalho, Saúde Física e outros. No campo da Mídia, por exemplo, o material aponta o crescimento de experiências digitais como festivais de música e eventos feitos via streaming.

Outras tendências passam pela recuperação da vida social e o aumento do desejo pelas conexões face-a-face, quebra da resistência com o ensino à distância, maior atenção à educação financeira, prevalência do comércio à distância e a melhora da logística de entrega, além da vontade das pessoas explorarem o mundo, especialmente em viagens mais curtas, e a adoção de novos produtos e roupas mais leves e confortáveis.

Muito se tem debatido sobre o que deve ser este “novo normal”, ou seja, a realidade em que viveremos após a pandemia e com o fim das práticas de distanciamento social. A expectativa de muitos aponta para um mundo no qual o consumo será mais consciente e, portanto, menor.  Apesar das muitas especulações, a única certeza que temos é que viveremos num mundo diferente do que conhecemos. Seja por consciência ou por questões práticas relacionadas às perdas financeiras e às incertezas econômicas, as pessoas terão de reavaliar sua relação com o consumo. Apresentado esse contexto, qual caminho a comunicação deve seguir? Como garantir que os recursos reduzidos de seus clientes sejam direcionados aos seus produtos e serviços? Como se mostrar essencial?

 A única forma de se manter relevante para o consumidor no “novo normal” é conhecê-lo profundamente: saber os seus gostos, entender quem influencia em sua rede de relacionamento, ter a sensibilidade de encontrar o melhor momento para posicionar uma oferta ou uma cobrança, ser perspicaz para identificar concorrentes – ainda que inusitados ou inesperados – e agir.

Anunciar é essencial

Por meio da comunicação, pode-se atuar na prioridade número um: não se afastar do consumidor. Marcas que se tornaram esquecidas durante a crise terão menos chances de retomarem seus lugares junto à preferência do consumidor quando tudo voltar ao normal. Um estudo recente da Kantar aponta que as marcas que investem mais durante as crises crescem até 5 vezes mais do que as outras.

Diante dos graves acontecimentos, mais que nunca se torna relevante a importância estratégica de uma comunicação que ajude a tornar sua empresa presente e perene, que evidencie do modo correto os valores, a missão e o posicionamento de marcas e corporações junto a seus públicos de interesse.

Investimento na mídia online 

Assim como empresas de mídia e pesquisa estão transformando eventos ao vivo em virtuais, o mesmo ocorre com os consumidores que estão se adaptando à digitalização de seus comportamentos. Alguns dados demográficos, como consumidores mais velhos, podem ter ficado desconfortáveis ​​com a compra de mantimentos ou outros produtos online, mas o coronavírus os forçou a ficar confortáveis. Quando entram na nova rotina e se acostumam com a facilidade de entrega à sua porta, esses compradores podem achar uma pressão ter de voltar ao varejo físico, afirmam os especialistas.

De acordo com estudo da SmartCommerce, plataforma de comércio eletrônico para marcas de produtos embalados, quase 40% dos atuais compradores online fizeram sua primeira compra em março. Além disso, mais médicos e outros prestadores de serviços da saúde oferecem consultas online como uma maneira de ver seus pacientes em situações não emergenciais. Os especialistas esperam que a telemedicina continue como uma tendência mesmo no pós-pandemia. Os consumidores também estão recorrendo ao banco digital para gerenciar suas finanças quando não podem visitar uma agência bancária. 

O isolamento social acelerou processos de digitalização para empresas e o público. Consumidores que não estavam acostumados a usar serviços digitais tiveram seu primeiro contato com o e-commerce para manter a segurança nas compras. No setor financeiro, os serviços digitais também precisaram avançar nesse período.

Neste sentido, a produção de conteúdo também tenderá à plataformas online.  O uso de veículos online será ainda mais acelerado daqui para frente. Para isso, haverá o investimento cada vez maior na criação de conteúdo para mídia online, principalmente podcasts. 

Humanização e personalização

A principal mudança no comportamento das marcas, no entanto, não terá relação com o consumo de mídia e sim na forma como as marcas se relacionam com as pessoas. O engajamento socioambiental e as estratégias de relacionamento das marcas com seus públicos seguirão como prioridade das corporações. Afinal, marcas que fazem a diferença para a sociedade e que são verdadeiramente úteis na vida das pessoas não são esquecidas.

A pandemia trouxe mais humanização. Segundo Rasquilha, as pessoas passaram a ajudar uns aos outros. E a família passou a ser o ponto mais importante na vida do cidadão. Depois, os amigos e conhecidos.

Além de “Share of Market” e “Share of Mind”, chegou a hora das empresas priorizarem o “Share of Heart” dos seus consumidores.

Relevância

Será necessário repensar a comunicação e ajustá-la para fazer frente aos enormes desafios que se impõem no mercado. Em uma crise desse tamanho, comunicar significa manter-se presente e mostrar-se como empresa socialmente relevante, responsável e idônea.

A Kantar apresentou um estudo que mostra que a população espera que as empresas sejam úteis na nova vida cotidiana e que elas informem quais estão sendo seus esforços para enfrentar a situação. Os brasileiros esperam que as marcas sirvam de exemplo e guiem a mudança, sejam práticas e realistas e ajudem consumidores no dia a dia e que, além disso, ataquem a crise e demonstrem que ela pode ser derrotada. Em sintonia com a gravidade da situação, e em um mercado altamente complexo e em queda, uma das principais tarefas parece ser demonstrar, de modo inequívoco, empatia e solidariedade com colaboradores, fornecedores e consumidores. Ignorar o momento vivido, insistir em mensagens promocionais convencionais ou mostrar-se insensível ao sofrimento e à sina dos menos privilegiados são atitudes que podem comprometer a reputação e colocar em risco o valor da marca. 

Posicionamento 

A crise vai passar, mas o dano causado pode ser irreversível. Não é  improvável que alguém da concorrência se mostre mais competente em sua comunicação e possa, eventualmente, abocanhar fatias de mercado de marcas consideradas como líderes, mas que não souberam se posicionar à altura do que o momento exige – nem muito menos fazê-lo de modo coerente, criativo e eficaz. Criar e manter marcas fortes por meio de uma identidade bem estruturada parece ser mesmo tão (ou mais) importante do que se preocupar unicamente com a solidez financeira da empresa. Nas regras das ultra competitivas disputas corporativas, tem mais valor aquela marca que atrair e fidelizar maiores fatias de público. Por isso, anunciar é necessário.

Marcas tradicionais têm vantagem

À medida que os consumidores mudam para adotar novos comportamentos e hábitos, eles se apegam às marcas em que confiam há muito tempo para passar com elas pela crise. A mudança de “inovador e moderno” para “testado e comprovado” foi descrita em uma recente chamada de analistas de pesquisa da Evercore, que disseram que será difícil o lançamento de novas marcas nesse ambiente.

Febre do ‘DIY’

Os consumidores estão usando seu tempo em casa para aprender novas habilidades, como assar, cozinhar e costurar (DIY, é a sigla inglesa para ‘do it yourself” o “faça você mesmo”), e essas habilidades provavelmente não desaparecerão quando o vírus desaparecer. As compras de fermento estão subindo rapidamente quando as pessoas recorrem ao pão como forma de alimentar suas famílias e reduzir a ansiedade através do ato terapêutico de amassar. 

O site popular de culinária e comércio eletrônico Food52 disse que o tráfego do site nos últimos meses está em pé de igualdade com a semana que antecedeu o Dia de Ação de Graças, a maior semana do ano. No início da pandemia, o Food52 se dedicou a mais conteúdos e receitas para apoiar sua comunidade agora em casa, de acordo com uma porta-voz. Sem surpresa, um dos principais artigos do site é sobre a escassez de fermento e contém dicas sobre como fazer fermento a partir do zero. As vendas em dólar de pequenos eletrodomésticos, como máquinas de fazer macarrão e espremedores, subiram 8% na semana que terminou em 14 de março, em comparação com o período do ano anterior, segundo a empresa de pesquisa NPD Group.

  • por Isabela Botelho do Mercadizar

O que a autocrítica de Felipe Neto nos ensina

Sou um daqueles que gosta, e há muito tempo, de assistir as entrevistas do Roda Viva, programa da TV Cultura que ultrapassa décadas na tv brasileira. Nesta segunda-feira (18) resolvi conhecer uma das personalidades da nova comunicação, o youtuber Felipe Neto. Motivo: seu recente ativismo crítico em relação à política, situação do país com a manutenção do ódio como ferramenta de manutenção do poder, e também do que ele faz na internet. Afinal, é um grande empresário no setor, milionário já aos 32 anos. Começou tudo aos 22.

Até 2016 Felipe era um alienado, segundo suas próprias palavras ao Roda Viva. Apesar de ser um empresário de sucesso absoluto, quase 40 milhões de seguidores, entre outros empreendimentos, foi “amadurecendo”. Em entrevista ao Estadão no ano passado ele explicou sua mudança.

“Eu cresci em um meio muito tradicional e reacionário. Quando comecei a gravar vídeos para a internet, era um menino de 21 anos ainda em processo de amadurecimento, o que me fez criar um personagem reclamão que falava muito palavrão e dizia alguns clichês idiotas e preconceituosos”. Dez anos se passaram e, quem me acompanhou durante esse tempo, sabe o quanto eu lutei para corrigir meus erros do passado. Espero que a minha história possa servir de inspiração para muitos jovens que também crescem cheios de preconceitos e reacionarismo dentro de si. É possível vencer”, afirmou.

O primeiro fato que me chamou a atenção foi o “mea culpa” de Felipe, a grandeza com que fez a autocrítica em relação ao que ele produziu, distribuiu e realizou anteriormente. Falou que atacou e ajudou a eleger o atual governo puramente por falta de entendimento, leitura, aprendizado. E que foi em busca do conhecimento, compreender o que se passava. Esta postura enobrece, porque errar é humano, mas você efetivamente não precisa ter compromisso eterno com o erro. Coragem de mudar e dizer porque, é respeito a si mesmo e ao seu público.

Outra atitude foi reconhecer erros em relação ao preconceito contra o público LGBT, mulheres e outros, ensinando inclusive a importância da empatia, se colocar no lugar do outro, ouvir, saber, entender quem ele é, porque vive da forma que escolheu. Esta lição que Felipe Neto deixou ao vivo no Roda Viva deve ser compreendida por seu público, antes certamente risonho aos programas que ele fazia, sem ter o compromisso em respeito as diversidades humanas. Isso acontece na vida, empresas, ruas, sempre.

O reconhecimento da sua força como influenciador e o seu dever diante do avanço do fascismo no Brasil. Questionado sobre posicionamentos políticos, etc, Felipe teceu uma frase exemplar. “Não se trata de falar de política, mas de defender a nossa liberdade”. Ou seja, assumir a liderança em momentos difíceis, com todas as consequências que vem da posição assumida. No caso dele, recebeu ameaças de morte a ele e sua mãe, familiares. E cobrou que mais pessoas com esta influência devem se manifestar neste momento histórico. Para liderar, é preciso coragem, e para decidir, é preciso sentimento e foco.

Sobre a comunicação falou tudo o que penso e defendo em meus trabalhos. É estratégica, faz parte do mundo desde que o mundo é mundo, e portanto, fundamental e essencial para a vida. Defendeu o trabalho da imprensa e denunciou a forma violenta, truculenta e até criminosa com que o Governo, o Presidente, seus filhos e seguidores tem atuado frente aos questionamentos e investigações as quais eles precisam responder.

Fiquei feliz em conhecer o Felipe Neto de hoje, um jovem que conseguiu amadurecer em pouco tempo, realinhar sua filosofia de vida, ensinar como é importante assumir erros e acertos, estabelecer posições claras, e ter a humildade de falar abertamente e compartilhar todas esta mudança com milhões de pessoas. Que a juventude brasileira possa aprender com ele o que fazer de suas vidas para além do entretenimento. Para que sejam líderes empáticos, leitores, participantes da vida política e social, descartando a tal meritocracia em favor de oferecer apoio a quem precisa evoluir, crescer e ser feliz.

  • Salvador Neto é um veterano da comunicação que aprendeu como autodidata a usar a tecnologia, até hoje, e antenado com o futuro do país e sua juventude. Agora, mais feliz em ver um jovem empreendedor e líder ser um norte de esperança.

Salvador Neto agora estará em lives no Facebook e Instagram

Dono de um conteúdo relevante, provocador e com amplitude nos mais diversos campos como economia, política, cultura, comunicação, fruto da larga experiência profissional e pessoal, o jornalista Salvador Neto volta agora a compartilhar seu conhecimento e o conhecimento de outros personagens em lives que vão ao ar no Facebook e Instagram

A primeira delas foi realizada no seu perfil pessoal no Facebook e teve como tema “Jornalismo em tempos de pandemais”, onde ele abordou o momento de crise na saúde pública mundial, no Brasil, os impactos econômicos e sociais, incluindo aí explicações sobre o trabalho dos jornalistas, democracia, liberdade de imprensa, as pandemias das fake news e outros temas. É só o começo.

Salvador Neto manterá todas as segundas-feiras às 20 horas as lives no Facebook, e no Instagram deverá realizar as quintas-feiras também às 20 horas, neste início de trabalho. “Quero convidar pessoas que possam distribuir seu conhecimento solidariamente a outras pessoas, e nada melhor que as redes sociais para semear conhecimento”, destaca o Jornalista e CEO da Salvador Neto Comunicação.

A primeira live você pode acessar clicando neste link.

A “cutucada” da crise pandêmica

Por natureza nós seres humanos somos acomodados, principalmente a partir da segunda metade do Século XX, e mais ainda no atual. As tecnologias, as facilidades em comprar, estudar, pesquisar, assistir filmes, aulas, conversar com amigos, e muito mais atividades, ficaram fáceis, confortáveis. Nem sequer precisamos sair do lugar. Viramos sedentários demais da conta. Só saímos do conforto quando a coisa aperta, asfixia, nos empurra para as soluções necessárias.

Eis que não mais que de repente nos chega a Covid-19, conhecidíssimo por coronavírus, para a tristeza da marca de cerveja – ou seria alegria? – e nos dá aquela dolorida cutucada que não só nos acorda, nos derruba abismo abaixo sem termos tempo para pensar, ou mesmo buscar um “aplicativo” que nos proteja. Nossos hábitos estão à prova de tudo. Da higiene ao convívio social, da inatividade mental para a buscar urgente da criatividade. Mexer-se virou necessidade vital.

Já disse em outro artigo que o mundo em que vivemos até março passado não existe mais. A primeira vista, com o retorno às atividades laborais, de lazer, familiares, parecerão iguais. Mas nada mais será igual após o coronavirus. Acredite. Não se deixe largar no sofá com o celular na mão esquerda, e o controle remoto na mão direita. Será preciso mais que ser um “consumidor” das tecnologias. Será preciso criatividade ao cubo, e mais solidariedade e trabalho em grupo.

Vimos que somos frágeis, muito frágeis. E isso não somente na parte física e emocional – achávamos que éramos invencíveis e muito fortes. O isolamento mostrou o contrário – mas também na economia. Em poucos dias o pânico tomou conta dos “mercados”, do comércio, da indústria, da agricultura, da cultura, tudo e todos. Como viveremos? Como teremos o dinheiro para comprar, pagar contas, funcionários, manter clientes? Eis aí o desafio.

O que poderá nos diferenciar a partir de agora? Como vamos manter as operações com o custo que tínhamos, margens de lucros, atendimento? De que forma continuaremos a vender, produzir, divulgar, ganhar corações e mentes e manter as pessoas e clientes mais próximos? Até que preço vamos querer pagar ao continuar como éramos, ou mudar radicalmente para ocupar um espaço na vida pós-pandemia? Para quem gosta, os Ps do marketing terão que ser revistos à exaustão. A economia mudou e mudará mais, principalmente para os pequenos e médios empresários.

Para você que é trabalhador, profissional autônomo, empreendedor individual, artista, produtor, e tantas outras profissões, também mudará. Aproveite que o dia a dia de sua atividade exige mudanças quase sempre para se recriar mais uma vez. Busque novos produtos, mercados, reinvente sua forma de atendimento e presença junto a quem você presta serviços ou venda produtos. Mostre que você o respeita e está antenado com as lições do coronavírus.

Bom exercício de criatividade para todos nós. A corona-cutucada veio para isso, mudar tudo e todos. Vamos aprender?

* Salvador Neto é empreendedor e jornalista acostumado a ter que se reiventar há muitos anos. Vai começar de novo…

Não pare de estudar, aprenda via EAD

O confinamento preventivo em casa, para não se infectar e não ajudar a propagar o novo coronavírus, criou um ponto de inflexão na trajetória do ensino no Brasil. Em 18 de março, o Ministério da Educação publicou a Portaria nº 343, que autoriza “em caráter excepcional” a substituição de aulas presenciais por aulas do modelo educação a distânica (EAD) que utilizem tecnologia de informação e comunicação remota em cursos que estavam em andamento.

Paralela a norma do MEC, governadores e prefeitos suspenderam as aulas para evitar o crescimento da covid-19 como já aconteceu na China, Coreia do Sul, Itália, Espanha e nos Estados Unidos.

As iniciativas públicas fizeram com que “diversas instituições adotassem a modalidade EAD [Educação a Distância] literalmente do dia para a noite em cursos presenciais em andamento, inclusive no ensino médio”, registra André Luis Garbulha, especialista há 18 anos na modalidade de ensino e aprendizagem.

“Tivemos que nos adaptar ao esquema de home office [teletrabalho]”, conta Márcio Joaquim dos Santos, coordenador do curso de Recursos Humano da Faculdade Anhanguera Santana, em São Paulo. Segundo ele, graças a ferramentas e plataformas online, tem conseguido manter contato com alunos e professores. Pelo computador em casa ou celular, alunos têm acesso a vídeos, apresentações explicativas de slides, respostas de dúvidas por e-mail e até aula online ao vivo, descreve.

“A EAD se encaixa perfeitamente como solução para a realidade atual. Devido a sua flexibilidade, aos diversos meios de transmissão de conteúdo (vídeos, textos, aplicativos, jogos), aos canais de comunicação existentes, além de beneficiar os diferentes tipos de aprendizagens”, avalia Fábia Kátia Moreira, consultora de EAD e tecnologia internacional, atuando na área há mais de 25 anos.

Para ela, “diante da pandemia da covid-19, mesmo as instituições mais tradicionais e resistentes à EAD estão lançando mão dessa modalidade, senão para oferecer novas possibilidades de aprendizagem aos estudantes, ao menos para garantir o cumprimento dos duzentos dias letivos exigidos em lei.”

“Nesse momento que estamos vivendo, realmente a modalidade está se mostrando uma ótima alternativa, pois possibilita que mesmo estando cada um na sua casa, as pessoas deem continuidade aos estudos, podendo interagir com docentes e colegas de sala”, acrescenta Marcos Lemos, vice-presidente acadêmico da Kroton, que conta com mais de 1.400 polos de ensino de escolas e faculdades pertencentes ao grupo de ensino privado (Anhanguera, Pitágoras, Unime, Uniderp, Unopar, Fama e Unic).

Segundo ele, apesar de ainda haver “claramente distinção entre ensino presencial e a distância no Brasil”, a continuidade do calendário acadêmico deste ano só será possível “graças ao modelo acadêmico e à utilização de recursos de tecnologia e de conteúdos a partir do ambiente virtual de aprendizagem, que já faz parte do dia a dia desses estudantes”. Em diferentes escolas e faculdades, os alunos têm acesso a aulas digitais, deveres de casa, avaliações, pontuações das diferentes atividades e indicadores de acompanhamento.

EAD não é para qualquer um

Fábia Kátia Moreira pondera que a EAD é “uma faca de dois gumes”. Se o curso não for bom, “pode trazer consequências como maior resistência à modalidade [de ensino], falta de credibilidade e má formação”.

Do lado positivo, “se bem programada e executada”, a aprendizagem pode desenvolver habilidades e competências no estudante úteis para toda a vida, como  “autonomia, disciplina, organização do tempo, competência de leitura e interpretação, cumprimento de metas e prazos, além do desenvolvimento de habilidades de alta complexidade como compreensão, análise e síntese.”

Pesados prós e contras, a consultora sublinha que “A EAD não é para todos”. A modalidade de ensino e aprendizagem exigem autonomia, disciplina e alta dose de dedicação. “Grande parte dos nossos estudantes, sobretudo do ensino fundamental ainda não está preparada para essa modalidade”, alerta.

O especialista André Luis Garbulha concorda e também afirma que a EAD “não é para todos”. Segundo ele, “ocasionalmente, as pessoas são atraídas para EAD pelo baixo valor das parcelas, mas se esquecem que deve haver um comprometimento individual e até familiar mais profundo com os estudos. Será exigido do aluno disciplina e foco.”

Crescimento da modalidade

A Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes) projeta que em 2023 mais alunos se matricularão em cursos da modalidade de Educação a Distância do que nos presenciais.

O Censo da Educação Superior, realizado pelo Inep/MEC, indica que desde 2016 a matrícula em cursos EAD cresce mais de 5% ao ano, enquanto as inscrições nos cursos presenciais estão em declínio. O censo de 2018, realizado pelo Inep mostrou, pela primeira vez na série histórica, mais vagas ofertadas a distância (7,1 milhões) do que em cursos presenciais (6,3 milhões).

De acordo com os especialistas, o mercado de trabalho absorve a mão de obra bem formada em cursos a distância. “Segundo a Associação Brasileira de Recursos Humanos, a modalidade EAD tem sido tão aceita quanto a presencial. O recrutador não observa a modalidade, mas se a Instituição tem boa avaliação no MEC”, cita Fábia Kátia.

Garbulha aponta vantagens competitivas para quem se formou em EAD: “para concluir uma graduação a distância, habilidades como organização, disciplina, proatividade e foco são altamente desenvolvidas indiretamente, o que não necessariamente ocorre com alunos presenciais”.

Conforme disse à Agência Brasil, “o empregador só sabe que o candidato ou empregado realizou sua graduação ou pós graduação na modalidade EAD se isso for dito em algum momento”. A legislação obriga as instituições a emitir os diplomas e certificados sem que haja qualquer tipo de diferenciação entre os cursos presenciais ou a distância.

Escolha do curso

“Ao escolher um curso de ensino superior, independente da modalidade, é importante procurar conhecer sobre a instituição, verificar informações do curso como, por exemplo, carga horária estimada, programa de disciplinas, sequência de módulos etc. No entanto, mais importante do que isso é ter em mente a qualidade do curso”, recomenda Marcos Lemos.

No caso de cursos formais, como os de graduação em curso superior, Fábia Kátia orienta os interessados “verificar se os conteúdos mínimos exigidos pelo Ministério da Educação [disponíveis nas Diretrizes Curriculares Nacionais] constam no currículo, bem como a avaliação da instituição e do curso no MEC”.

Segundo ela, outro aspecto importante é “a metodologia adotada, pois o material didático oferecido e a tutoria ativa são de suma importância para o processo de aprendizagem”.

A escolha do curso deve ser feita a partir do interesse do aluno e com base em pesquisa. Para André Garbulha, a orientação geral é começar a escolha “verificando no site do Ministério da Educação se a instituição escolhida possui o credenciamento para modalidade EAD”.

O interessado deve buscar informações também com referências no mercado de trabalho e entre alunos da instituição. “Uma instituição tradicional e reconhecida por formar bons profissionais, que ofereça EAD, é uma ótima escolha”, sugere.

ECOM Escola da Comunicação
Um empreendimento da Salvador Neto Comunicação, a ECOM – Escola da Comunicação é mais uma fonte para que você não pare de estudar e aprender nestes momentos de isolamento social por conta do Coronavírus.

Focada em oferecer cursos online exclusivos e sempre voltados às formas de comunicação humana, a ECOM está ampliando a oferta de seus cursos com base em parcerias com profissionais sérios e qualificados. Conheça a ECOM, acesse: https://escola-da-comunicacao.coursify.me/